Estimulados pelas propostas da oficina, cada um de nós criou uma composição no espaço (externo ou interno) , considerando temas do projeto: incerteza X confiança.
Relato uma delas:
Na esquina da rua São Francisco com Riachuelo, duas-de-nós caminham emparelhadas, cada uma de um lado da calçada. Lentas, caminham na mesma direção. Juntas, atravessam a rua de um lado para o outro várias vezes. Sempre se cruzam no meio da rua antes de chegar a outra margem. Agem como se costurassem, ponto a ponto, com fio invisível, um território. Do outro extremo da rua um carro se aproxima. Elas continuam seu percurso até que os corpos das duas-de-nós e o carro se encontram. Frente a frente.
O carro quer passar. Os corpos também.
Resistência? Persistência? Insistência? Delinquência?
O carro insiste. Quer ocupar seu espaço. Seguir o seu caminho. Para isso acelera, funga e resmunga sua força de aniquilamento.
Este jogo se mantém durante alguns longos minutos.
-E se o pé escapar do acelerador?
Sem avisar, o carro desiste de atravessá-las. Recua. Afrouxa a aceleração.
Só quando o ronco do motor acalmou as almas, elas saem, tranquilamente, da frente do carro, para em seguida ocupá-lo. Nesta condição ele dá partida e desaparece na primeira esquina.
Alguns transeuntes presenciaram a composição
sobre a presença deles.....
Nossa!!!
Ainda tem muita conversa.
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