quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

COM-POR-SE

Estimulados pelas propostas da oficina, cada um de nós criou uma composição no espaço (externo ou interno) , considerando temas do projeto: incerteza X confiança.

Relato uma delas:

Na esquina da rua São Francisco com Riachuelo, duas-de-nós caminham emparelhadas, cada uma de um lado da calçada. Lentas, caminham na mesma direção. Juntas, atravessam a rua de um lado para o outro várias vezes. Sempre se cruzam no meio da rua antes de chegar a outra margem. Agem como se costurassem, ponto a ponto, com fio invisível, um território. Do outro extremo da rua um carro se aproxima. Elas continuam seu percurso até que os corpos das duas-de-nós e o carro se encontram. Frente a frente.

O carro quer passar. Os corpos também.

Resistência? Persistência? Insistência? Delinquência?

O carro insiste. Quer ocupar seu espaço. Seguir o seu caminho. Para isso acelera, funga e resmunga sua força de aniquilamento.

Este jogo se mantém durante alguns longos minutos.

-E se o pé escapar do acelerador?

Sem avisar, o carro desiste de atravessá-las. Recua. Afrouxa a aceleração.

Só quando o ronco do motor acalmou as almas, elas saem, tranquilamente, da frente do carro, para em seguida ocupá-lo. Nesta condição ele dá partida e desaparece na primeira esquina.

Alguns transeuntes presenciaram a composição

sobre a presença deles.....

Nossa!!!

Ainda tem muita conversa.

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