segunda-feira, 28 de março de 2011

ir ao encontro - registro de 13/03/2011






Aqui vai o meu registro do segundo experimento que fizemos em comum, na mesma hora e em lugares diferentes, nós Argonautas e ele CiaSenhas, nós São Paulo e eles Curitiba.


Fui ao encontro das pessoas com uma pergunta que se queria suficiente e poética: A CONFIANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE? Preparei uma sacolinha com doces, amarrados por um agradecimento.

Mas não fui sozinha. Uma criança incrivelmente linda foi comigo. Uma criança que (penso eu, tateio eu, indago eu, desesperadamente!) talvez precise encontrar com a rua, encontrar alguma maneira de confiar na rua, nas pessoas que estão por ali. Uma criança como tantas em São Paulo que não brinca na rua, quase não sai de casa sem companhia, quase não brinca sem que algum adulto formado em pedagogia esteja como mediador... Uma criança totalmente normal, dos anos 2000.
Sei que levei esta criança linda comigo para que ela ouvisse a confiança. Mas sei também que a levei para me ajudar. Sei que ela, a criança linda, me ajudou mais do que eu a ela. É difícil sair na rua e encontrar o outro. Se desesperadamente eu penso no que aquela criança precisa, sei que quem precisa sou eu.
A criança, um menino lindo de 10 anos, acabou por me dar suporte. Foi ele quem recebeu os sorrisos das pessoas. Foi ele quem permitiu que a abertura acontecesse, ainda que muito pouco.
(Meu deus, aonde chegamos!! Medo e desconfiança para todos os lados! a desconfiança e o medo são da visão, do tato, do olfato, do paladar, dos ouvidos... todo o corpo - e também a alma! - desconfia. O que fazer senão dar um passo em direção contrária ao medo? o que fazer senão "dar chance"?)

Pois bem, o menino lindo e eu. Ele: meu filho. Eu: sua mãe.
Perguntamos, juntos.
Muitas evasivas.
Muitas respostas monossilábicas. Essas não valeram.
Muita desconfiança de quem eram essa mulher e este menino: as coisas pareciam não se encaixar na memória de quem era abordado.

As fotos forma tiradas pelo meu filho. Olhar de criança.

Experiência incrível. Descobrimos coisas sobre a cidade, sobre nós mesmos, sobre os outros, sobre o que o teatro poderia fazer, em que esfera poderia atuar.

Movimento, emoção, entusiasmo.

(em breve eu vou enviar gravações dessa experiência)

domingo, 20 de março de 2011



Relato dos depoimentos Fase : Ir ao encontro - Confiança


1o

A fase Ir ao Encontro a conduziu a um terminal: Guadalupe - ponto de chegada e partida de moradores da região metropolitana da cidade de Curitiba, com a seguinte pergunta: A confiança é a última que morre? Segundo ela, seu primeiro interlocutor fora um senhor velhinho, com voz cansada, muitas rugas e olhar doce. Apesar destes atributos ele se mostrou um tanto desconfiado quando lhe fora feito a pergunta. Duvidou que havia honestidade. Titubeou em responder. Porém confessou que para ele a confiança não morre nunca ou é a última que morre porque de verdade “não dá pra duvidar a vida inteira”.

2o

O segundo era uma senhora vendedora (ilegal) de cigarros, os quais ela equilibrava na plataforma do terminal aguardando comprador. A senhora responde com um imenso sorriso, sem reservas, iluminada. Parece uma índia, cabelos compridos e conversadeira. Diz que acredita que a confiança é sim a última que morre porque perder a esperança equivale a perder tudo. Acaba por dar conselhos e insiste como quisesse ou precisasse nos fazer crer que é preciso Confiar Sempre.

3o

A terceira a responder se a confiança é a última que morre é uma mulher que também trabalha na plataforma. Uma Gari de fala aberta e alma tocante que suscitou um grande desejo de abraça-la. Alguém cuja simplicidade espelhava o que havia de especial no Ser humano. Paradoxalmente a Senhora Gari dizia não confiar em nada nem ninguém, por isso mantinha olhos atentos até nas costas. Contou que era casada há 23 anos com o mesmo homem sem nunca nele confiar e disse ainda que tinha filhos, mas que não sabia o quê aqueles seres humanos, paridos por ela, eram no mundo enquanto “pessoas humanas”. Confessou que muitas vezes sai de casa para o trabalho chorando por dentro e mesmo assim, quando encontra outra pessoa pelo caminho sorri, afinal, trata-se de uma “pessoa humana” ao seu lado. Se encontra, por acaso, alguém que viu uma única vez, Ela dirá Oi e vai sim, parar e cumprimentar. Quando o marido desconfia de sua abundante simpatia ela replica: é uma pessoa humana que passou por mim, eu conheço (ou não conheço) e cumprimento.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Ir ao encontro

Ontem fomos ao encontro de pessoas nas ruas, praças, estação rodoviária, etc. Perguntando:
A confiança é a última que morre? Recebemos respostas incríveis. logo postaremos mais

sábado, 12 de março de 2011

Ir ao encontro


Amanhã iremos ao encontro do Outro.
Simultaneamente Curitiba e São Paulo 13/03 às 13:03.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Para Nóia

Instruções para andar na rua.

Ao sair para a rua é bom começar pisando com o pé direito. Se você resolveu sair mesmo com a sua mãe gritando: “Vem pra dentro menina... a rua é perigosa!” Cuidado! Segure sua bolsa na frente e bem na vista, não fale com estranhos, e se alguém lhe oferecer alguma coisa não aceite. Nunca ande sozinha, e dê a mão para a sua mãe para atravessar a rua, caso for sozinha olhar para os dois lados mais de uma vez (pode também olhar para cima pois poderá vir um carro a 190Km/h). Todo cuidado é pouco. Deixe o dinheiro separado para o ônibus e nunca mostre a carteira, de vez em quando olhe para trás para ver se ninguém esta seguindo, se tiver alguém com cara de suspeito atravesse a rua.

Na rua todos são suspeitos.

terça-feira, 1 de março de 2011

Obrigada!!!


Super obrigada pela participação nesta primeira fase do projeto Narrativas Urbanas na Terra Sem Lei.
Continue acompanhando.
Um monte de coisa ainda está por acontecer.
Argonautas e CiaSenhas comemoram!