segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011


hoje, quase agora...

nos encontramos hoje, toda segunda tem rumos na cia.
fico completamente tocada e instigada a cada encontro, hoje vimos imagens e falamos sobre piratas, levante, leis, direitos, diferenças e indiferença, homens e mulheres, seus filhos... invisível, feroz, prazer, contundente, sedução... desbravar espaços, desbravar relações, desejos... etc etc etc. como não ficar remoendo, não ficar pensando, quando se está dentro de um carro parado, no meio da rua e para todos os lados se tem também carros, parados, se comunicando por pequenos e grandes sinais, luzes, olhares, as vezes sons verbais nem tão gentis, as vezes gentis, mundos, invólucros de seres humanos, que confiam no verde, amarelo e vermelho "as vezes".
afff... acabo de ver o post da Lu, me pergunto por onde está vindo... que venha!!!!

ps! hj é aniversário do ary... e fiz bolo com estrelinhas!

sobre o início, subjetivamente...


O primeiro encontro (ao vivo!) do Núcleo Argonautas e da CiaSenhas aconteceu nos primeiros dias de fevereiro, como você já deve saber, e por causa dele é que a cabeça minha não pára, desde então. Fico pensando e insistindo no pensamento e voltando a lembrar e a procurar uma maneira de entender-me a mim mesma, argonauta, depois do encontro com o outro ciasenha. Esse outro querido, similar, de outra cidade. Essa cidade também outra.
Persigo pistas de mim, é o que faço. No outro queria me ver, na outra cidade quero me ver estrangeira, quem sabe só conseguir ver já seria muito bom. Eu, que sou grupo (?), que sou cidade (?), que serei talvez país.
Voo longe de mais?
Fui longe demais.
A pequena esfera do eu já á bastante trabalho para esse começo de projeto. Vamos ao eu: peço licença para que venham a mim.
O que vai virar dramaturgia?
O que sairá desse trabalho?
Por que quero tanto encontrar com o outro?
Por que me sinto mais firme se estou em Curitiba? Ou em outro lugar, ainda?
O de fora faz ferver o de dentro,
e assim a febre me toma.
Clamo por espelhos!!!!! espelhos!!!
Mas o clamor ainda é melodia suave.
Como num pesadelo, eu grito e o grito sai como canto, e canto suave.
Sim, como um grito de cisne (por que não dizer?), um grito de cisne que grita e desliza suavemente, ao mesmo tempo.

Você consegue gritar por mim? Ao menos por esta noite?

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

agora sim!!

eba! finalmente, eu acho, consigo escrever por aqui...rs!

tanta tecnologia né. é esse o nosso tempo, o aqui e agora.

pois "agora" a ciasenhas e o argonautas, se aproximam novamente, nossos compartilhamentos não somente presenciais, mais de quereres em comum.

cada vez mais esse "agora" tem tomado proporção, tem ficado mais palpável pra mim, ir pra rua, ver o agora acontecendo é apaixonante.

depois de nossa curta imersão, com a grazi, com o corpo, com a arquitetura e com as pessoas, parece que esse "agora" me salta aos olhos e me atrai muito.

quero compartilhar instantes, (TAZ)...., de verdade com as pessoas e me deixar ir...

afffffff.....um desabafo!

ps. não sei colocar foto! rs.

Anônimos

Livro: Ordinário de Rafael Sica, Editora Quadrinhos na Cia

Por Anne Celli

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Colaboração de Nadja Naira - TOPOGRAFIA III



É possível identificar entre os transeuntes aqueles que são reais e os personagens e ficção, aqueles que portam profundas amarguras e caminham com as mãos fundas nos bolsos e cabeças abaixadas são de ficção, a maioria de romances inacabados, mas quem carrega sacola é real, salvo se dentro da sacola houver um pacote de cartas amarradas com uma fita vermelha, o conteúdo da sacola revelará se é real ou personagem de folhetim, quem chuta pedras é ficção, primeiro ou último capítulo, raramente um capítulo intermediário, os casais são sempre reais, mesmo quando discutem dramaticamente, as crianças são os transeuntes mais difíceis de identificação, tão difíceis que parecem ficção, tão reais que parecem reais, a ficção senta nos bancos da praça, mas só o real está lendo o jornal disfarçadamente para espionar através de furos sutis no papel o que acontece no mundo, porém isto só vale nesta imensa cidade.

texto de MANOEL CARLOS KARAM
(O impostor no baile de máscaras, Artes e Ofícios, Porto Alegre, 1992)

Nadja Naira está também no Rumos esse ano, através da conexão "TROCA de PACOTES" entre a Cia Brasileira e Espanca. Acessem http://espanca.com/ciabrasileira/

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011


COM-POR-SE

Estimulados pelas propostas da oficina, cada um de nós criou uma composição no espaço (externo ou interno) , considerando temas do projeto: incerteza X confiança.

Relato uma delas:

Na esquina da rua São Francisco com Riachuelo, duas-de-nós caminham emparelhadas, cada uma de um lado da calçada. Lentas, caminham na mesma direção. Juntas, atravessam a rua de um lado para o outro várias vezes. Sempre se cruzam no meio da rua antes de chegar a outra margem. Agem como se costurassem, ponto a ponto, com fio invisível, um território. Do outro extremo da rua um carro se aproxima. Elas continuam seu percurso até que os corpos das duas-de-nós e o carro se encontram. Frente a frente.

O carro quer passar. Os corpos também.

Resistência? Persistência? Insistência? Delinquência?

O carro insiste. Quer ocupar seu espaço. Seguir o seu caminho. Para isso acelera, funga e resmunga sua força de aniquilamento.

Este jogo se mantém durante alguns longos minutos.

-E se o pé escapar do acelerador?

Sem avisar, o carro desiste de atravessá-las. Recua. Afrouxa a aceleração.

Só quando o ronco do motor acalmou as almas, elas saem, tranquilamente, da frente do carro, para em seguida ocupá-lo. Nesta condição ele dá partida e desaparece na primeira esquina.

Alguns transeuntes presenciaram a composição

sobre a presença deles.....

Nossa!!!

Ainda tem muita conversa.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Do encontro...

Após alguns meses de trocas de e-mails, o nosso primeiro corpo à corpo se deu em um lindo (e intenso) sábado de sol . A sede da Cia Senhas abriu as portas para receber os, já de casa, núcleo Argonautas. Em 2008 a Rua São Francisco havia acabado de entrar de forma avassaladora em nossas vidas. Naquela época lembro-me de uma tarde colocando os linóleos no último piso do recém alugado espaço, para a chegada dos Argonautas. Ou “- Os argonautas estão chegando”, como eu gostava de pensar. Na época as “narrativas urbanas” ansiavam pelas interferências e contaminações do Núcleo. Em 2011 três anos depois, me encontrei numa tarde junto aos meus companheiros de Cia. recolocando o mesmo linóleo, retirado no Homem Piano, para receber-los novamente. Dessa vez o encontro tinha a intenção de um workshop ministrado pela Graziela Mantoanelli, integrante do grupo OPOVOEMPÉ. View points e método Suzuki permeariam o trabalho (logo me veio a sensação dos joelhos estralando), devo lembrar que estamos em fevereiro, e dos bronzeados da galera ainda sobram marquinhas. Primeiro dia a vontade de todos era começar. “Temos pouco tempo” e temos tanto pra nos conhecer. O Chão de linóleo, no último piso, foi a primeiro a nos receber mesmo após passarmos pela cozinha e pela tão deliciosa sala de encontros e leituras. Mas decidimos que precisávamos dialogar e que o view points ditaria nossa gramática. Em um primeiro momento testamos nosso centro, alguns exercícios de Suzuki (e alguns estralos no joelho) para termos certeza de que conseguiríamos falar, se nosso aparelho vocal, dessa vez o “corpo todo”, estava com as laringes, a língua, os dentes o Pulmão preparados para o primeiro “A” . Em um segundo momento estávamos em Círculos em Pulos e Pausas. Raias. Grades. Linhas Diagonais. Traçados no chão que rasgavam a nossa Cartilha. Eu estava voltando àquela sala de ensaio, junto aos corpos de Anne e Greice, com quem eu já havia trabalhado, mas que há um ano não nos encontrávamos em trabalhos da Cia. A Lucienne do Argonautas, que nunca tinha tido o prazer de dividir algumas “caminhadas”, a Sueli e a Marcinha que sempre que podem se movimentam com a gente, mas geralmente são responsáveis pelos olhares externos e, um dos encontros mais inusitados, o Ary, que trouxe seu corpo pra treinar conosco, e que para mim fez uma diferença enorme, pois depois de anos sendo o “bendito fruto” nas salas de ensaio pude dialogar com um homem (piadinhas, mil, à parte). Isso tudo apenas no horário da manhã. Depois do almoço ainda teríamos que executar cada um uma Composição sugerida pela Grazi. Ou “Organização?” Questionada pelo Chico. Olha aí a comunicação mostrando suas garras e aparando suas arestas. De qualquer forma o tema era “Confidência” assunto decorrente do projeto. Depois do almoço (ou “recreio” como ainda ingenuamente chamava meus intervalos de faculdade) partimos para ação. Ainda muito imaturo sobre o que eu gostaria de falar, fui para temas que me lembrassem a pornografia, alguns fetiches, aqueles que me lembrava dos nomes e no meio deles claro algumas confidências. Acho que foi o suficiente para dar conta, ainda tímido, das ações do programa sugerido (1 Relação Espacial Extrema, 1 movimento devagar, 1 movimento rápido, 1 duração desconcertante e 1 lugar onde você nunca ficaria). Depois de cada Apresentação? Composição? Organização? Ficamos de pensar em outra para o dia seguinte, dessa vez com o tema “Incerteza X Confiança” povoando nossos sonhos. Voltamos cada um pra sua pra casa/hotel.
No dia seguinte teríamos que aproveitar a companhia do Chico, que nos deixaria, em presença, naquele dia. Então deixamos a manhã para resolver assuntos em relação as próximas Ações do projeto que seriam realizadas em Curitiba e São Paulo pelos grupos (em breve mais informações). Foi o momento certo de usar a já citada sala charmosa de reuniões e leituras.
Nesse momento minha Memória me leva direto ao Homem Piano, projeto “starteado” também do encontro do grupo em 2008. Na “Instalação para a memória” como nesse encontro, também começávamos no ultimo piso (dessa vez sem linóleo), em que eu estabelecia as regras, as comunicações do jogo os riscos e rabiscos nas paredes, prosseguido da “Estação Lembrança” da sala de baixo em que a troca de palavras era iniciada, para então todos seguirem suas vidas: o público o seu destino, e nós da Senhas/Argonautas ‘Rumos’ às próximas ações.
Durante à tarde do segundo dia, depois de quase um ano, fui atingido na garganta em cheio por uma amidalite. Faltei um período, não fui numa aula, perdi uma matéria, e esse falta me seguiu em alguns momentos até o final dos nossos encontros.
Me lembro agora que também estou em um blog, e que portanto devo respeitar o tempo e o ritmo de suas páginas. Nos dois outros dias que seguiram de encontro estávamos decididos a ir pra rua. Já tínhamos mais ou menos compreendido nosso “Be-A-Bá”. Vamos tentá-lo no mundo. E fomos. Em um dia reconhecendo os ritmos, as repetições, os fluxos da rua, no segundo munidos da intenção de revelar aspectos da Rua Riachuelo, nossa vizinha, e não menos instigante. Um casarão abandonado com janela para o céu especificamente foi o recorte da nossa experiência. Sinto que agora é o momento de concluir esse texto, pois toda a experiência na rua ainda é um território virgem pra todos nós da CiaSenhas e justamente um dos focos do projeto. Muitas questões foram abertas neste segundo momento da oficina, muitos diálogos ainda serão travados e ruídos na comunicação, ainda bem, gerados.
Finalizo com uma breve nota do último dia do encontro, como um ditado de revisão (gosto da metáfora, não necessariamente do tom professoral) e até soubemos escrever todas as palavras, algumas vezes trocando o gê pelo jota, y por i, n antes de pê e bê e talvez até umas caligrafias meio tortas. Mas passamos na prova, e continuaremos nos estudando até o próximo encontro, para fazer bonito. Beijos enormes em todos.
Luiz Bertazzo.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Relatinho da Marcinha


(Como a Marcia ainda não está cadastrada como autora do Blog - ela utilizou o meu para dar seu depoimento)

é isso.


"Após 5 dias vividos intensamente na oficina conduzida pela Graziela e que reuniu os nossos grupos (CiaSenhas e Argonautas) para treinar, experimentar e criar juntos, sinto vontade de relatar brevemente esta experiência. Depois de muuuuuitos anos dedicando-me à produção, me permiti fazer esta atividade prática, através do convite generoso da Gra para que todos nós participássemos, sem exceção. E para minha surpresa, foi um enorme prazer estar junto com meus colegas/amigos/atores compartilhando a sala de ensaio e a rua. Percebo agora que apenas me deixei brincar, seguindo as regras do jogo e assim fui entrando num espaço criativo que há muito tempo não visitava. Os velhos padrões foram sendo quebrados e acabei por forjar dentro de mim um estado de confiança que me permitiu participar de todas as propostas da oficina. Sair do 1º andar (onde fica o escritório da produção), subir as escadas e habitar por 5 dias a sala de ensaios foi uma experiência incrível e marcante do início deste projeto de intercâmbio que começou a mil por hora e promete muito mais daqui pra frente!!


Depois do Sol na cabeça


Depois de finalizar a oficina com a Grazi, ontem (11/02) na Ciasenhas, organizamos as ações da primeira fase do projeto: coleta de material, estratégias, treinos, estudos. A discussão passou por muitos lugares - por fora e por dentro de nós. A experiência está na pele.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

ESPELHOS INVOLUNTÁRIOS

Hoje é terça dia 08 de fevereiro. Estamos no quarto dia do primeiro encontro presencial do Projeto Narrativas Urbanas na Terra Sem Lei. Foi dia de ir pra rua.
Curitiba é muito diferente de São Paulo. Isso é muito bom. Porque precisamos e queremos, na diferença, encontrar o que nos une.
o que nos une?, penso eu agora. Por hora, o desejo de encontro com o outro, com a paisagem da rua, o desejo de não ter pressa em responder as muitas perguntas que se fazem ansiosas à nossa frente.

REFLEXOS EM ESPELHOS INVOLUNTÁRIOS pelas ruas de Curitiba.


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Tudo começou assim…..

A CiaSenhas, de Curitiba e o Núcleo Argonautas, de São Paulo se reunem para a realização do projeto Narrativas Urbanas na Terra Sem Lei, através do programa Rumos do Itaú Cultural.

O projeto nasce como um desejo de ambos os grupos em compartilhar formas e procedimentos artisticos, além da percepção de que suas inquietações têm a cidade e a realidade na mira de suas criações. Isso pode ser identificado quando em 2007 e 2008 a CiaSenhas e Núcleo Argonautas estiveram juntos por vários momentos.

A primeira aproximação se deu quando o Núcleo Argonautas finalizava o Terra Sem Lei, então a CiaSenhas convidou o Núcleo para um compartilhamento no projeto Narrativas Urbanas, que naquele instante estava em pleno andamento.

Assim, perguntas sobre a linguagem teatral, a vontade artística de lidar com o material/matéria-prima que viesse da cidade e da realidade e o forte interesse num fortalecimento da participação do ator como parceiro de criação fortalecem essas conexões entre os dois grupos e motivam os novos encontros.

Depois dessa experiência de compartilhamento entre Argonautas e CiaSenhas intensificaremos as ações artísticas com a realização de investigação conjunta, seguida de dois experimentos cênicos diferentes criados em simultaneidade e, por fim, um experimento comum aos dois grupos.

Neste projeto pretendemos continuar a perseguir uma atitude performática, no sentido em que o artista se compremete com a ação que se deseja total, correndo os riscos de uma ação não mais “protegida” ou “mediada” pela representação e dramaturgia prévia.

Dessa vez, partiremos de um único material inicial, comum aos dois grupos: um material forjado e provocado através da internet. Nesta fase a idéia é lançar perguntas para que o maior número de pessoas responda, anonimamente.

Perguntas que inquietam os dois grupos, a partir dos temas desejo, confiança, confidência: questões problemas que unem o público e o privado, a casa e a rua, e também o sagrado e o profano. As respostas serão o material estímulo para o projeto.